O Legado de Dom Afonso!
Uma das coisas que tento fazer nos últimos anos, quase como que exercício didático-mental!... é o de analisar todo e qualquer assunto de um ponto exterior ao meu “prisma” inicial.

Tentar eu próprio criar não o meu, mas alguns “meus” pontos de vista sobre determinado assunto tem feito com que a minha percepção das coisas seja, no final, claramente diferente do que inicialmente imaginava ou para mim seria óbvio.
Ao longo destes anos, esta maior atenção sobre ‘as coisas’ fez-me reparar o quão pouco auto-críticos somos sobre quase todas as nossas acções de vivência na comunidade.
Sublinho este ‘Somos’ porque pretendo, também aqui, fazer o esforço… o tal exercício didático-mental!

Esta falta de auto-crítica tem-nos levado para um caminho estranho, que é o da não percepção do erro em tempo certo ou mesmo em tempo algum!
Bem poderíamos dizer que o ‘erro’ faz parte da aprendizagem… o que não deixa de ser uma eterna verdade, no entanto é necessário assumi-lo, o que não é fácil com este nosso sangue ‘latino’.

Depois, ao invés de fazermos essa tal auto-análise, deliciamo-nos a analisar os outros… a opinar sobre os outros… a criticar os outros.
Existe um “veiculo” que, aos dias de hoje, demonstra exemplarmente esta nossa cultura quase ‘milenar’!...
Os “Media”…
Muitos OCS (Órgãos de Comunicação Social) são na actualidade autênticos propagadores desta nossa forma de estar, potenciando-a até à exaustão e levando a que a nossa sociedade, na minha opinião!!!, se degrade cada vez mais.
Fico perplexo quando vejo estes mesmos OCS promoverem a continuidade deste nosso “ADN”, sem bases e muitas vezes até sem um mínimo de ética, dando ‘voz’ a quem nada deveria ter para dizer!

Chegámos ao ridículo ponto de ter ‘opinadores’ sobre tudo… mas quase não termos ‘fazedores’ de coisa alguma.
São ‘Advogados’ a falar sobre inflação e economia
‘Economistas’ a falar de saúde pública.
São ‘Médicos’ a opinar sobre a privatização da TAP
e ‘Engenheiros’ a explicar qual a melhor contratação desportiva….

Enfim…

Paro… tento contrariar esta linha “des-evolutiva”!
Lembro-me do dia em que o meu Pai me disse:

“Ninguém melhor que Camões explicou os feitos e bravuras dos Portugueses, e também como ninguém a nossa cultura….”

Nunca li “Os Lusíadas”…. À excepção de pequenos trechos!....
Mas, literalmente, a “última palavra” usada naquela que se diz ser a nossa maior referencia cultural deveria fazer-nos, no mínimo, pensar um pouco!

Terá sido esse um dos legados de Dom Afonso Henriques?….
Estamos sempre a tempo de a combater!
Um abraço.
Pedro

P.S. – que me desculpem os mais rigorosos, mas há palavras que continuo a escrever como aprendi!
Segunda-Feira, 07 de Março de 2016