"...DESPORTO REI..."
No Verão passado, aquando dos últimos Jogos Olímpicos, tive uma daquelas conversas de praia que me deixou a pensar durante algum tempo e cujo tema hoje deixo à vossa consideração.

Na altura, a simpática discussão e contra-argumentação com o meu irmão Pedro teve como base uma sua afirmação do tipo:
“Acho que, apesar de muitas vezes ignorado, o desporto motorizado português é, a par do futebol, o nosso melhor representante a nível internacional”

Devo dizer-vos que as suas palavras nos fizeram partir para uma bela e acesa discussão (entre nós esta tem sido uma forma construtiva de trabalhar ao longo de todos estes anos!) e que, no final, me fez repensar bastante sobre o assunto e ter de dar grande parte da razão ao “mais Novo”!

Comecei a tomar, desde esse dia, muito mais atenção a tudo quando desportivamente se produzia em Portugal e, devo dizer, que melhor “montra” dificilmente eu poderia ter tido do que começar com as prestações de toda a nossa representação nas Olimpíadas de Londres.
Tive, diante de mim, a “nata” do nosso desporto durante quase duas semanas.
15 Dias em que me pude inteirar do nossos “feitos” nas mais diversas modalidades, dos seus atletas e respectivos percursos.
Mas nem a “nossa” menos boa passagem pelos Jogos 2012 me fez alterar a minha posição…
Comecei a fazer uma análise mais detalhada e fui recuando por algumas das nossas mais emblemáticas disciplinas desportivas a longo de alguns anos.
Temos tido, é verdade, verdadeiros feitos internacionais e de que muito nos devemos orgulhar.
Têm, pontualmente, surgido ao longo das últimas décadas atletas de eleição que nas suas disciplinas se batem e mesmo levam de vencidos os melhores a nível mundial.
Mas hoje, arrisco-me dizer, que o Desporto Motorizado Português é o único que pode rivalizar em feitos desportivos com o tão comummente idolatrado Futebol.

Vejamos:
Nos últimos 25 anos não consegui encontrar nenhuma modalidade que tivesse levado tantas vezes a bandeira portuguesa aos mais variados “Podiuns” internacionais.
Façamos uma rápida viagem desde o Pedro M. Chaves ou Pedro Lamy, até ao Álvaro Parente, Filipe Albuquerque ou António Félix da Costa. Passemos pelo Carlos Sousa, Hélder Rodrigues, Ruben Faria… pelo Manuel Gião, André Couto, Tiago Monteiro ou César Campaniço … e o João Barbosa… o Rui Madeira ou o Armindo Araújo… e mais… muitos mais.
Quantas modalidades se podem gabar disto?
Temos uma “Mais-Valia” que muitas vezes, parece-me, nem nos apercebemos.
Somos dos melhores “Porta-Estandarte” do desporto português além fronteiras.

Acho que é chegado o tempo de pedirmos o “Mediatismo” e o “Interesse Nacional” que é devido para com o nosso Desporto.
Isso obrigará a uma ainda maior responsabilidade e profissionalismo dos seus intervenientes.
Mas acho que esse facto não nos impressiona nem nos deverá deixar com algum receio.
No fim de contas, como diz um meu amigo inglês e, passando algum menor cavalheirismo…
“Soccer needs one ball, Motorsport needs … !”

Nuno Couceiro - Crónica Autosport 23 Janeiro 2013


Quarta-Feira, 23 de Janeiro de 2013