OPINIÕES - SPORTMOTORES.COM
Gostaria de começar esta minha primeira crónica agradecendo o convite endereçado pelo SportMotores.com. Aceitei-o com muito gosto, não só pelo respeito que este “Site” me merece, mas essencialmente por sentir que existe uma enorme “Acção em Campo” por todos os seus intervenientes em prol da informação, correcta e isenta.

Julgo que a minha contribuição poderá ser interessante para trazer novos temas a debate e espero dinamizar novas discussões, no “Bom Sentido” da palavra!

Sigo com muita atenção o SportMotores.com quase desde a sua criação. O facto de não se tratar de um órgão de comunicação tradicional – Jornal, Rádio ou mesmo Televisão – fez com que receasse e mesmo, devo confidenciar-vos, não acreditasse na sua longevidade ou rigor informativo.

Todos sabemos que para existir um acompanhamento cuidado do desporto motorizado, nacional e internacional, são necessários meios somente ao alcance de alguns “Sectores”, facto que sempre pensei vir a condicionar a vida de “Sítios” como este. Enganei-me redondamente e somente vim a convencer-me, uma vez mais, que, como em tudo na vida, não bastam os “meios”, as “verbas” ou as “influências”…. É necessário acima de tudo – “PAIXÃO”. É isso que encontro na equipa do SportMotores. Uma grande paixão por informar, correcta e detalhadamente, quem mais gosta de “Motores”.

Finalmente e mesmo antes de iniciar o tema que escolhi hoje abordar, gostaria de ir sentindo o vosso “Feedback” ao que aqui for escrevendo. Estou certo que sairão mais ricas as minhas futuras crónicas e que ficarão mais fortes as nossas futuras “Discussões”.

Opiniões. Porquê começar por aqui?

Tenho 35 anos e há já 23 que ando nestas andanças das “Corridas”. Em toda esta caminhada, onde tenho passado pelas mais diversas e complicadas “Batalhas”, fui-me apercebendo que mais do que factos concretos são as “Opiniões” que realmente se fazem sentir. Opiniões dos Patrocinadores, dos Técnicos e dos Pilotos, dos Gestores ou Chefes de Equipa, dos Jornalistas, enfim, de uma série de pessoas envolvidas neste mundo e que são verdadeiramente quem faz a “Roda Rolar”.

Há, depois e ainda, a opinião dos Fãs e Admiradores ou do Público em geral. Finalmente existe a daqueles a quem eu chamo “Opinadores”. São aqueles que de tudo e de todos falam, que a nada assistem, que nada vêem, nada sabem, mas sobre tudo e todos “Opinam”. É essencialmente sobre esta última classe que me gostaria de debruçar. Não porque lhes devamos dar muita atenção, mas pelo contrário porque são estes que verdadeiramente vão “matando” aquilo que nos é mais querido.

Tive a felicidade de emigrar, depois de ter sido campeão de Fórmula Ford, e há já 16 anos que corro fora do nosso País. Não se pense, no entanto, que não tenho continuado a acompanhar e mesmo a intervir no panorama nacional. Mas sobre isso mais tarde falarei.

Muitas vezes temos falado do que nos separa dos nossos parceiros internacionais, o porquê de dum panorama cada vez mais cinzento para o desporto automóvel português. Tendo integrado nestes últimos 15 anos campeonatos tão distintos como a Porsche Supercup, os Europeus de Fórmula Opel, a Fórmula 3 Alemã ou a Fórmula 3000 Internacional, tive a possibilidade de presenciar realidades muito diferentes. Um ponto comum, no entanto, verifiquei sempre existir. A competição, a rapidez e qualidade dos Pilotos, Técnicos e Equipas fala sempre mais alto do que os problemas exteriores que possam surgir.

Cá em Portugal tenho assistido a situações verdadeiramente contraditórias. Poderia alongar-me por linhas e linhas de “prosa”, mas vou deixar-vos dois ou 3 exemplos típicos de como a situação se tornou insustentável e como não prevejo evolução enquanto este problema não for contornado.

Regulamentos:
De cada vez que surge “novo sangue” para a realização de um campeonato nacional de velocidade digno deste nome vejam quantas cabeças “opinam” sobre como deveria ser, o que deveria fazer-se, o que está bem ou o que está mal.

Ouço opiniões técnicas, logísticas, promocionais e outras que tais… Enfim… Todos têm uma opinião, mas muito poucos sabem do que falam. Faz-me lembrar um pouco o que se passa com os chamados “treinadores de bancada” do futebol português... Nunca nada está bem… A não ser que a equipa vença por “15 a zero”…. Como dizem os “Gato Fedorento”! Isto somente faz com que exista um crescente descrédito da classe e do nosso desporto.

Informação:
Quantas vezes não viram já crónicas ou simples notícias sobre a qualidade do Piloto A ou do Piloto B. Sobre os investimentos nos Projectos X ou Y ou sobre a má aplicação dos dinheiros de alguns patrocinadores, que na opinião desses “Opinadores” deveria ser canalizada desta ou daquela forma.

Muitos destes tais “Opinadores” não fazem a mínima noção do que é o automobilismo de hoje. Alguns, mesmo, não sabem o que é ver uma corrida ao vivo há muito tempo, quanto mais acompanhar os Pilotos A ou B!

Temos visto carreiras de alguns dos nossos melhores representantes serem perfeitamente “trucidadas”. Sei que nós, Portugueses, temos por hábito apoiar e enaltecer aqueles que estão em situações mais difíceis, mas… por favor… não façamos eternos romances de causas perdidas…

Esta tem sido, quanto a mim, a verdadeira “Bomba Relógio” do desporto motorizado nacional. E se falámos em exemplos, histórias reais não faltarão para melhor identificar estes problemas. Mas quanto a essas cada um terá uma em mente e esta minha crónica mais não gostaria que fosse um alerta, um chamar de atenção para o que vivemos actualmente.

Sempre ouvi, desde criança, uma expressão que aqui se aplica na perfeição: “Cada Macaco a seu Galho”! E é talvez isto que não se passa no nosso desporto nacional e em particular no que mais nos toca directamente – Automobilismo.

Na minha próxima crónica falarei sobre “Sponsors”, algo que tanto afecta o normal desenrolar dos acontecimentos e que, nesta época do ano, anda tão nas bocas do “Mundo das Corridas”.

Um abraço a todos e até breve.
Terça-Feira, 24 de Janeiro de 2006