“…VIVA O REI…”
Quando em 1977, tinha então 18 anos e alguns meses de “carta”, comprei o primeiro número do Autosport, jamais me passaria pela cabeça estar diante do título que mudaria a minha vida para sempre.
No pós 25 de Abril, todos os jovens como eu tinham muitos sonhos, mas eram ainda muito balizados pela fraca informação e abertura ao exterior.
O Autosport veio fazer com que ficasse mais perto dos meus ídolos, da minha paixão!
Rapidamente passei de um leitor assíduo para um verdadeiro fanático, que nas madrugadas de quinta para sexta-feira (ainda o Autosport saía às sextas!) esperava na tipografia, que ficava ali para os lados do Dafundo, e assim podia ler as “últimas” literalmente bem “quentinhas”… !
E se a vinda do mundial de karting em 1979 teve um papel crucial na iniciação de muitos jovens na modalidade, não menos importância o teve um jornal que nos foi mantendo (também eu comecei no karting em 1980) a par do que de melhor se ia fazendo na Europa.
Veio depois o regresso da F1 em 1984.
E se para que isso se tivesse tornado uma realidade, sofremos o duro golpe de ver anulado o Kartodromo do Estoril (berço até então de quase todos os Kartistas nacionais), também não é menos verdade que a F1 em Portugal trouxe como que a “poção mágica” para mudar o rumo do automobilismo em Portugal.

Acredito hoje, passados quase 30 anos, que sem este regresso e, muito especialmente sem a criação da Fórmula Ford em Portugal, que o nosso Automobilismo não teria tido a subida e o sucesso vertiginoso e crescente que hoje é de todos conhecido.
Subitamente víamos a “máquina” a rolar… Mais oleada de um lado, menos assertiva do outro, mas a verdade é que começámos a ver os nossos pilotos transformarem-se em campeões internacionais, com isso vimos também um “boom” de adesão ao karting e… tínhamos a “pescadinha de rabo na boca”!
Em todos estes momentos houve sempre um nome que ninguém ignorou, pois falava, fazia falar, motivava e, essencialmente projectava todos os feitos dos intervenientes. Aqui e lá fora.
O Autosport foi durante este primeiro período um verdadeiro álbum, portefólio ou mesmo proposta de patrocínio para muitos pilotos e que a par deles percorreu o “Caminho das Pedras” que era então a internacionalização do Desporto Automóvel Português.
Vi o Autosport passar por alguns momentos menos fáceis ou mesmo complicados.
Mas também vi muitos pilotos serem ajudados em alturas menos boas das suas carreiras por este “Título” que tanto significado tem para nós!
Entretanto o Automobilismo Português atingiu um patamar que nunca antes tinha sido alcançado e com os seus intervenientes a trazerem para Portugal um sucesso sem precedentes.

A recente notícia do “fecho” do Autosport não deixou ninguém indiferente.
Felizmente houve quem tivesse a coragem de não deixá-lo “morrer” e eis que por mais um golpe de mágica (tão pródigo dos portugueses) este jornal contínua nas bancas… e agora até no seu formato original e semanal.
E é nestas alturas que julgo ser crucial a “Família Motorizada” estar pronta para se apoiar mutuamente… e o Autosport vai necessitar de todo o nosso apoio e carinho nesta nova fase da sua vida.
Estou certo que assim acontecerá!
Há uns tempos ouvi uma expressão a propósito do fecho do Autosport, que agora me atrevo a alterar:
“O Rei continua vivo… Viva o Rei”

Nuno Couceiro - Crónica Autosport 28 Novembro 2012
Quarta-Feira, 28 de Novembro de 2012